domingo, 31 de outubro de 2010

Aos atores

Mutirão na sala 402. Poucos apareceram, mas o trabalho rendeu mesmo assim.
Primeira caixa montada (para quem não sabe a idéia é que todas as cenas aconteçam dentro de caixas). Aparentemente grande e com boa acústca. Só de olhar já traz idéias para a peça. Estimulante ver as coisas ficando prontas.
Colocamos também as cortinas vermelhas. Vai ser tudo vermelho: tem a ver com violência e com paixão. Este na verdade foi o primeiro passo da concepção do espetáculo.
Parece pouca coisa por enquanto, mas deu trabaaaalho. Só quem estava lá para saber.
Estou apostando na peça. Gosto dos ensaios e me orgulho dos pequenos progressos diários.
Me orgulho também do progresso dos atores que já vem de oficinas anteriores do depósito quando vejo que estão crescendo no seu trabalho. Mesmo que bem de cantinho, sei que tb faço parte deste progresso.
É sempre difícil, acho que todos os processos são. E como atriz sei que quando é difícil dá vontade de desistir, de largar tudo, de chorar... Mas assim que é bom. Acho que faz parte e nos ajuda a querer mais, a ir além. E é isso que eu espero. Que todos nós possamos ir um pouco além, ultrapassar os nossos obstáculos pessoais e teatrais, ir mais a fundo.
Apesar de ser um espetáculo do núcleo de formação de atores do depósito, eu espero e vejo mais do que uma peça de alunos. Agora se trata de jovens atores colocando sua cara.
Estou achando muito legal isso de estar na assistência de direção. Já tinha feito na última peça do núcleo de formação, mas desta vez está sendo mais intenso. Para mim também é uma experiência nova, mas também confesso que fico com muita vontade de estar do outro lado: atuando.
É bom também poder estar trabalhando novamente ao lado do diretor Roberto Oliveira. É impressionante como aprendo com ele a cada dia de ensaio.

Elisa Heidrich

Notícia: www.depositodeteatro.com.br

Em 2010, o Núcleo de Formação de Atores do Depósito de Teatro, passou por uma alteração em seu foco de ação. Desde o início de nossas oficinas buscamos incentivar os nossos alunos e continuarem fazendo teatro, formarem grupos e seguirem adiante. Convidamos alguns alunos para integrar nossos elencos "profissionais". Abrimos o espaço fisíco e criativo para ensaios. Usamos inúmeros artifícios para manter os grupos unidos e fazendo teatro. Criamos projetos, tais como Novas Diretrizes e Mete a Cara, para coloca-los em cena.
Poucas turmas conseguiram manter-se por um período maior que um ano. Na maioria dos anos a "química" não funcionava. As peças não conseguiam passar de uma temporada. No máximo duas.
Numa nova tentativa, estamos trabalhando agora com atores/alunos convidados para formar um grupo, mais ou menos, fixo de pessoas que demonstraram em experiências anteriores estarem realmente interessados em fazer teatro, em assumir uma disciplina e arriscarem-se num teatro mais voltado para a pesquisa do que para o entretenimento (pelo menos desta vez).
Escolhemos encenar um espetáculo chamado VIOLÊNCIA E PAIXÃO. A peça é baseada em fragmentos de textos, encontros, propostas, imagens corporais. É uma experiência monocromática que vai começar no saguão do quarto andar da Usina do Gasômetro e terminar em pequenas salas de teatro onde o público assistirá cinco mini-peças que giram sobre o tema proposto pelo título do espetáculo.
A peça tem direção de Roberto Oliveira, que dividiu com suas assistentes: Elisa Heidrich e Elisa Bueno, a concepção geral. No elenco Janaína Lima, Alexandre Modesto Farias, Rui Koetzer, Alex Vidaletti, Karina Rocca, Aghata Andrioli, Aloísio Dias, Roberta Turski e Scheiler Fagundes.
VIOLÊNCIA E PAIXÃO estréia no dia 02 de dezembro e fica em cartaz até o dia 19 também de dezembro, sempre de quinta à domingo, às 21h00. Para assistir as cenas do saguão, a entrada é franca. Para ver o as cenas que acontecem na SALA 402 as pessoas já podem comprar ingressos antecipados por 5 reais. Ou deixar para comprar por 10 reais na hora. As pessoas que comprarem antecipados deverão chegar no teatro com pelo menos 15 minutos de antecedência sob pena de ter o seu lugar passado adiante. O número máximo de público é de 40 pessoas por apresentação.
Você pode ver o material que a gente vem colecionando durante os ensaios, acessando:
www.violenciaepaixao.blogspot.com ESCREVA SUA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA E PAIXÃO, ALGO QUE VOCÊ VIVEU NESTA ÁREA, E MANDE PRA GENTE PARA O E-MAIL depositodeteatro@gmail.com EM TROCA VOCÊ GANHA DOIS INGRESSOS.
SERVIÇO:
o que? VIOLÊNCIA E PAIXÃO
quando?DE 02 A 19 DE DEZEMBRO - de quintas a domingos - 21h00
onde?SAGUÃO DO 4 ANDAR E SALA 402 DA USINA DO GASÔMETRO.
quanto?ANTECIPADO = 5 REAIS / NA HORA = 10 REAIS
A PARTE DO SAGUÃO É DE GRAÇA.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Poemas por Agatha Andriola

Súbito
Como faca que rasga e fura, cintila seus caules vermelhos de prata fria
Gélida e enfurecida
O triunfo do óbito
Absorve a overdose da carne
A sombra é o negro do ópioe lava das erupções
Inexpressiva e cíclica se desfaz em sombra e silêncio
Súbito (como)Eclipse devaneante e súdito como as pegadas os rastros as ciladas nos frascos, fractais que miram o passado do próprio reflexo

O espinho é penetração e sangue derramado
As lágrimas o espírito de êxtase nebuloso
Os meteoros que não são vistos
No estranho
Obsessivo
Como aguda e insatisfeita promessa

No abismo
Tudo um dia sucumbe
A fraude dos temores resigna seu próprio compasso
Fracasso!(Não pretendia o degolamento catastrófico da vertigem, como rasgam as cortinas da catarse)
Quero te despir
Suavemente
Como o soproe o vendaval.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Obsessão Vermelha

Acordou, vendo sangue...
Horrível!
O ossoFrontal em fogo...
Ia talvez morrer,Disse.
Olhou-se no espelho.
Era tão moço,Ah!
Certamente não podia ser!
Levantou-se.
E, eis que viu, antes do almoço,
Na mão dos açougueiros, a escorrer
Fita rubra de sangue muito grosso,
A carne que ele havia de comer!
No inferno da visão alucinada,
Viu montanhas de sangue enchendo a estrada,
Viu vísceras vermelhas pelo chão...
E amou, com um berro bárbaro de gozo,
O monocromatismo monstruoso
Daquela universal vermelhidão!

Augusto dos Anjos